de 2017


27/09/2009

Paul Watson, um ativista verde que apregoa o uso da violência

Ele ajudou a fundar o Greenpeace, mas logo foi expulso por apregoar o uso da violência como forma de proteger o meio ambiente. Já afundou oito navios baleeiros e percorre os oceanos para impedir a caça com ações diretas. Uma vez interpôs-se entre um arpoador e uma baleia e quase foi morto. Ele prefere ser conhecido como "o protetor dos mares".

Tez acobreada e corpo robusto, arrematado por uma cabeleira branca. Anda pelo mundo uniformizado, coberto de baleias e golfinhos em seus distintivos e carregando as alcunhas de pirata, violento e eco terrorista. Paul Watson, canadense e líder da fundação ecologista Sea Shepherd Conservation, prefere que o conheçam como "protetor dos mares" ou "whalers hunter" (caçador de baleeiros) e seguir sendo o fantasma que atormenta os arpoadores nos mares de todo mundo.
Watson fundou a sociedade Sea Shepherd Conservation em 1977, após uma série de desavenças com a direção de Greenpeace. Mas já carregava uma profunda vocação ecológica desde sua infância. Aos 7 anos fazia parte do Kindness Club, um grupo de garotos dedicados a "ser bons com os animais". Aos 9 anos, o melhor amigo de Watson era um castorzinho ao qual apelidou de Bucky. Um verão não conseguiu encontrar o animalzinho e nem a nenhum outro. Os caçadores tinham matado a todos. Enraivecido destruiu todas as armadilhas que encontrou no local.Ativo e polêmico não duvida em qualificar à organização Greenpeace, da qual foi um dos fundadores e de onde foi expulso por pregar a violência ecologista, como "uma burocracia que vive de um enorme negócio e de seu próprio mito". Na sequência a transcrição de uma entrevista cedida ao jornal argentino Página/12. Vale a pena a leitura.
- "Você foi um dos membros fundadores do Greenpeace".
- "Chamava-se 'Comitê não façam ondas'. Começamos como grupo na parte oeste do Canadá com alguns poucos voluntários e idealistas. Em novembro de 1971, com dois barcos, demos voltas ao redor do Golfo do Alasca com a intenção de impedir a detonação de uma bomba nuclear de cinco megatons. No ano seguinte, estávamos em uma reunião do comitê e ao sair ocorreu a um dos participantes de se despedir dizendo 'Green', e outro respondeu com 'Peace'. Parecia um bom nome, GreenPeace, e assim ficou. Hoje não resta nenhum daqueles fundadores. Todos, menos um, vieram conosco. Pergunto-me por quê?"
- "E você tem a resposta?"
- "Éramos idealistas e não cobrávamos salários. No ano passado o Greenpeace Internacional faturou em torno de 300 milhões de dólares, dos quais 70% é usado para fazer campanhas para conseguir novos sócios. Eles protestam, nós agimos."
- "O Greenpeace diz que você foi expulso da organização por pregar a violência".
- "É o argumento que usam. Eles se referem a algo que aconteceu em 1977 no Alasca quando um caçador matava dois filhotes de foca utilizando um machado. Fiquei tão irado que tomei a ferramenta e joguei o fdp na água. Pouco depois acusaram-me de roubar a propriedade privada e decidiram expulsar-me. Por minha parte, não tenho nenhum problema em causar algum dano a propriedade privada se dessa forma evito a matança de animais".
– "Por que você é chamado de eco terrorista?"
– "Meus inimigos também me chamam de pirata. Mas a única coisa que fazemos é cumprir as leis e há muitas boas delas para a proteção dos mares, mas fora das 200 milhas não se aplicam e nós estamos aí para atacar os ilegais.
- "Atacar?", a pergunta é pertinente: é difícil incorporar a imagem de força no conceito de ecologia, e é precisamente essa imagem da bandeira do lobo marinho Paul Watson.
– "Sim, sim. Atacar. Nós nos lançamos contra os pesqueiros, enganchamos suas redes de arraste que em geral atingem dezenas de quilômetros de extensão e valem centenas de milhares de dólares, e cortamos em pedacinhos" –assegura, sorrindo–. Desde 1977 afundamos oito baleeiros, incluindo a metade da frota espanhola em 1980 e a metade da islandesa em 1986. Mas, acha que alguém nos processou? Ninguém. Por que? Pela mesma razão que não processam as atividades ilegais dos baleeiros".
- "Como fazem para afundar estes barcos?"
- "Em nossa tripulação, formada toda por voluntários que não ganham um centavo, há comandos especiais. Aproximamos-nos dos navios ancorados nos portos, e os mergulhadores lançam-se na água e furam seus cascos. Jamais o fazemos quando estão em alto mar porque nosso objetivo não é ferir ninguém".
Em 27 de junho de 1975, sendo ainda membro do Greenpeace, Watson passou pelo que ele mesmo denomina como "um fato que mudou minha vida".
- "Com outro dos sócios fundadores que agora está comigo, Bob Hunter, decidimos avançar contra os pesqueiros russos no Pacífico Norte e nos interpor entre os arpoadores e as baleias. Pretendíamos seguir os ensinamentos de Mahatma Gandhi. Pensávamos que não iam disparar contra a vida humana. Mas estávamos errados. Descobrimos os pesqueiros perseguindo oito formosos leviatãs que fugiam desesperadas dos assassinos russos. Conseguimos nos interpor entre as baleias e os caçadores, mas dois atrasaram-se. Era uma fêmea e um macho. Um dos baleeiros conseguiu se aproximar. Nós estávamos ali no meio. Quando vi o arpoador com um sorriso na cara soube que estávamos enganados, que não se importavam com nada".
- "Ele Disparou?"
- "Estávamos a poucos metros a frente do casal. Veio uma onda enorme, e na ondulação, ficamos abaixo enquanto as baleias subiam. O disparo de um torpedo com uma carga explosiva passou um metro acima de nossas cabeças. Até ali eu não sabia que as baleias gritavam, foi horrível ouvir aqueles gritos. Terrível. Um mar banhado em sangue, nós ficamos banhados em vermelho. O macho, em vez de escapar, deu a volta e lançou-se contra o barco. O arpoador aproveitou para disparar e acertou-lhe. A baleia desapareceu sob a água para poucos instantes depois reaparecer. Levantou-se sobre a superfície, quase vertical. Estávamos tão perto que se eu esticasse o braço poderia tocá-la. Sessenta toneladas que ameaçavam cair sobre nós. Pensei que a baleia ia assim se vingar, que aquele era o último segundo de minha vida e que os caçadores ririam enquanto desfrutavam nos vendo afogar. Nesse momento, vi o olho do animal. Um olho do tamanho de minha mão. Olhou-me e no momento soube que nada aconteceria, que me olhava com lástima como se perguntando por que isto está acontecendo? Esse incidente mudou minha vida. Desde então, jurei fazer o impossível para evitar que os irracionais destruam a seres mais inteligentes".

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4 Comentários:

Saude pelas Plantas disse...

Sensacional a entrevista. O cara luta com as armas que conhece. Tem os seus méritos.

Unknown disse...

Acho que vale tudo. Parabéns.

Anônimo disse...

ele e o cara tem que ser assim mesmo!!!!

Anônimo disse...

Predador:

Eco-babaca, deviam arpoar esse cara e fazer ração com a carne, pois pra consumo humano é um lixo. Arrogante, quer impor seu ponto de vista neo-colonialista para a maioria carnívora do nosso planeta, ele e os veganos, todos desprezíveis, intolerantes, que não aceitam quem pense, aja ou coma diferente deles! Palhaço que quer aparecer.

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